Resumo:"Este artigo procura tecer paralelos e reflexões a partir das Constituições de 1946 e 1988, com referência às políticas de reforma agrária e seus desdobramentos infraconstitucionais. Sensíveis à passagem dos regimes autoritários para os democráticos, vislumbramos dinâmicas sociais e políticas que impuseram constrangimentos não planejados para o legislador. A compreensão de temas polêmicos do nosso ordenamento jurídico exige um esforço crítico e contextualizado sobre as hierarquias historicamente construídas entre conceitos, normas, valores e interpretações. Entre as normas constitucionais e seus limites práticos encontramos o temor do crescimento das organizações camponesas a favor de uma democratização das terras, e o vigor de grupos que representam setores ligados a latifundiários em pressionar as diversas agências do Estado. Nesse sentido, sublinhamos a construção de estratégias sutis de retirar do público-alvo da reforma agrária a centralidade das ações, esterilizando a participação social sob o manto de uma cessão de direitos de cima para baixo" .