Resumo:Aborda parte das exposições da tese de doutorado da autora e tem como objetivo refletir sobre o duplo discurso presente no direito de família: o afeto e a economia. O afeto está servindo como fundamento doutrinário, legal e jurisprudencial, transformando não só a instituição em si, como também as interpretações e a aplicação do Direito de Família brasileiro contemporâneo e, embora este discurso pareça autêntico, muitas evidências conduzem a suspeitar de sua indução pela ordem econômica vigente que, utilizando-se inapropriadamente do discurso de direitos fundamentais, é apta a moldar condutas. A liberdade de agir pode estar sendo afetada pelo padrão consumista capaz de corromper o comportamento dos sujeitos, sem que sequer se tenha consciência dessa influência.Conclui-se de que é preciso pensar no afeto com a economia e, a partir dessa duplicidade discursiva, repensar o direito de família na tentativa de encontrar alternativas de garantir efetivamente os direitos constitucionalmente já assegurados.
Sumário:Mal-estar: da crise da era primitiva à crise da era moderna -- A Crise permanece: o mal-estar contemporâneo -- Família, afeto e economia: o duplo discurso.