Resumo:" A etnografia de iniciativa de reforma dos serviços de justiça, coordenada pelo governo estadual paulista - os Centros de Integração da Cidadania, permitiu observar a mediação de conflitos realizada pelo Poder Judiciário, Ministério Público e Polícia Civil. [...] A pesquisa utilizou o método de análise dos rituais de resolução de conflitos desenvolvidos nas audiências e sessões informais de conciliação, visando interrogar o campo da gestão estatal de conflitos em suas diversas formas. O resultado apontou a pluralidade de rituais empregados na resolução dos conflitos, refletindo a aplicação de ordens jurídicas plurais, mobilizadas em contextos micropolíticos específicos. A ampliação dos serviços de justiça através de rituais informais, incrementa o acesso à gestão pública de conflitos, mas nem sempre significa a expansão do Estado de direito, devido à fragmentação da esfera jurídica. O programa, ao qual foi atribuído um potencial de prevenção da violência, acolhe a resolução de desordens nas relações econômicas (por rituais igualitários ou não), mas tem o efeito de negar sistematicamente a gestão pública da violência interpessoal (reforçando as desigualdades de poder entre as partes)."