Resumo:Investiga como o Tribunal do Júri lidou com as ocorrências de homicídio doloso registradas na cidade de São Paulo entre 1960 e 1975, particularmente no que se refere ao uso da violência letal pelo Estado. Dois aspectos mereceram atenção especial na análise dos dados relativos a processos que envolviam agentes do Estado: a impunidade e a lentidão da Justiça. A análise quantitativa dos dados e a análise qualitativa dos processos instaurados indicam que a violência letal se tornou uma política oficial de Estado, incentivada pelo regime militar (1964-1985). O Ministério Público e o Poder Judiciário do Estado de São Paulo se mostraram incapazes de coibir a violência estatal, que contava com decidido apoio do governo estadual. Finalmente, o artigo procura mostrar que a opinião pública não conta com instrumentos eficazes para acompanhar a administração de justiça no Brasil, palco de graves violações de direitos humanos no período estudado.