Resumo:"A modernidade, havendo submetido todos os aspectos da vida humana aos imperativos da razão e do progresso, acabou promovendo o descrédito das visões mítico-religiosas do mundo. Apesar disso, a incapacidade do pensamento lógico-racional de conferir sentido à existência propiciou, nas últimas décadas, o retorno do sagrado, o qual invadiu a esfera pública. Tendo as constituições ocidentais modernas contemplado a liberdade religiosa em seus textos, em posição privilegiada no catálogo dos direitos fundamentais, mesmo assim persiste a tarefa de harmonização de seus postulados com os demais bens e valores tutelados. O conflito com normas protetoras dos animais é patente naquelas tradições que praticam o sacrifício ritual, como as de matriz africana no Brasil. Reveladora da dificuldade de compatibilização de tais interesses é a regulamentação do Código de Proteção aos Animais do Estado do Rio Grande do Sul, a qual, questionada judicialmente, aguarda apreciação pelo plenário do Supremo Tribunal Federal."
Sumário:O reencantamento do mundo: religião na modernidade tardia -- Liberdade religiosa e Constituição no Brasil: a ponderação com outros bens, valores e direitos fundamentais (especificamente o meio ambiente) -- Sacrifício de animais e cultos de matriz africana: o caso da Lei nº 11.915/2003 do Estado do Rio Grande do Sul.